sábado, 20 de julho de 2013

Polegares Opositores - Danny Marks

Você pode cobrar honestidade de um político se a sua honestidade não é impecável?
Essa é uma pergunta que muitos usam para defender alguns absurdos da política atual, mas há muita coisa que deveria ser perguntada anteriormente para que finalmente se pudesse fazer um correto juízo de valor. Por exemplo:
Qual o sentido da liderança?
A liderança é a capacidade de influenciar grupos de pessoas de forma que colaborem para um objetivo em comum.  Não é preciso neste momento aprofundar para as possibilidades de lideranças positivas ou negativas, o que nos cabe no momento é perceber a sutil relação que há entre líder e liderado.
O líder influencia, ou seja, possui o carisma, a confiabilidade, a aura magnetizadora que atrai e orienta os liderados polarizando-os de forma a gerar a força necessária para executar um trabalho. O líder motiva, organiza, mantém o impulso, redireciona, acolhe, revigora. Em muitos aspectos o líder é o pai e a mãe do grupo, o ícone a ser seguido, aquele que acumula os valores do grupo.
Por isso mesmo o líder só tem o poder que o grupo lhe dá, precisa ser escolhido pelo grupo antes de assumir a função e só então captar outros membros para sua esfera de influência de forma que todo o grupo cresça como um organismo.
Portanto os liderados primários são mais próximos do Líder do que os que acabam aderindo posteriormente.
Aqui cabe um aparte para algo importante, a questão do poder corruptor.
Engana-se quem pensa que o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. Na verdade o poder apenas revela, ilumina, fortalece, desmascara, realça, o objeto do poder. Aquele que possui o poder não o incorpora, é um objeto do poder, algo pelo qual o poder se expressa. Diferente do que é poderoso, que por si só é fonte e ação do poder.
Na esfera de liderança o Líder carismático é poderoso, pois o carisma é sua fonte de poder e emana dele de forma natural, não pode ser destituído disso. Já o representante é o que incorpora o poder do grupo, o objeto pelo qual o poder coletivo se expressa de forma uníssona, organizada.
Quando a democracia foi criada sua principal fonte de inspiração era a Liderança Carismática, influenciadora, que orientava e inspirava. Mas a democracia como todas as formas políticas, do coabitar em comunidade, evoluiu e se transformou.
E quando se fala em evolução não se pode deixar de citar Darwin e suas teorias de que os melhores adaptados sobrevivem. Note que não disse “os mais fortes” porque isso seria incorreto. Adaptado é aquele que resiste e sobrevive ao sistema em que está inserido e cria soluções para se fortalecer, nem sempre o mais forte consegue se adaptar, que o diga o finado Tiranossauro-Rex, que na sua época não tinha adversários, mas foi extinto pelo seu enorme peso e incapacidade de adaptar-se a um ambiente em mutação, que exigia flexibilidade.
Muitas vezes na evolução uma simples diferença pode ser fundamental para a construção do futuro, como no caso dos polegares opositores, aqueles que permitiram a criação de ferramentas sofisticadas, os mesmos que os imperadores romanos usavam para determinar se o gladiador vencido sobreviveria ou deveria morrer.
Na evolução da democracia, não apenas o sistema político mudou, mas as pessoas que o compõem. Atualmente há poucos líderes carismáticos até porque são raros pela própria natureza, considerando-se que se houvessem muitos capazes de influenciar, nenhum seria influente o suficiente. O que vemos nos dias de hoje são as lideranças representativas, aquelas que são escolhidas por interesses em comum e que emprestam o poder do coletivo e o aglutinam em volta de propostas específicas.
Por isso mesmo a democracia evoluiu para um sistema onde várias lideranças são escolhidas pelo mesmo grupo, de forma que todos os interesses estejam maior ou menor representados.
Mas o que não se pode esquecer é que uma vez escolhido o líder, ele se torna automaticamente um ícone a ser seguido, ou seja, obrigatoriamente o Líder tem que ter qualidades que comunguem com o grupo que lhe empresta o poder de forma a inspira-los e orienta-los no rumo objetivado.
Portanto o grupo não precisa ter as qualidades desejadas na sua liderança, mas acreditar que o Líder as possui e possa orienta-los na busca dessas mesmas qualidades desejáveis. Por isso o líder foi escolhido, por supostamente possuir os qualificativos desejados pelos liderados.
Então a conclusão lógica à pergunta de se podemos cobrar dos políticos uma honestidade que não possuímos de forma plena é um imenso e sonoro SIM!
Não só podemos como devemos cobrar de nossas lideranças representativas as qualidades que eles necessariamente deveriam possuir para nos manter como apoiadores de sua influencia, porque foi exatamente por esse motivo que foram escolhidos, para serem exemplos do que é desejável, do que é verdadeiro para o grupo, ainda que não tenha sido alcançado ou se já o foi, que precisa ser mantido e preservado.
Na evolução não há certezas, é sempre necessário estar preparado para a adversidade, para criar a mudança tanto quanto a permanência, mas sempre se deve estar atento aos resultados, desejáveis ou não, de forma que se possa corrigir os rumos oferecendo o nosso apoio ou repúdio aos que nos conduzem no caminho para sermos melhores.


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